sábado, 26 de julho de 2008

Conseqüências da Abertura

É de se imaginar que a abertura de mercados nos leve cada vez mais na direção da maior eficiência, pois a ausência de tarifas permite uma concorrência mais justa, além de uma redução nos preços e um conseqüente aumento de consumo. Assim, podemos esperar, cada vez mais, a formação de pólos de produção??? Estariam nações como a China destinadas a serem os maiores produtores de bens industrializados do mundo? Estaria o Brasil, por sua extensão de terras destinado a ser a referência em produção de alimentos e biocombustíveis? Como ficaria a tecnologia de ponta?

Talvez um bom chute seja de que cada país terá um desenvolvimento tecnológico direcionado para a sua vocação produtiva ou de serviços. Assim, um país produtor de cana-de-açúcar seria referência em cultivo de cana, técnicas agrícolas e uso de tecnologia. No entanto, a produção tecnológica, a pesquisa e o desenvolvimento não necessariamente estaria no mesmo país. Na minha opinião é mesmo pouco provável que esteja, senão com a ajuda de incentivos do governo.

OMC e Doha

A Organização Mundial do Comércio [OMC] é uma entidade mundial que visa discutir leis de livre comércio entre nações em um nível globalizado, considerando também fatores como a proteção do consumidor, do meio-ambiente e ainda o espalhamento de doenças. A OMC tem hoje 153 membros, sendo Cabo Verde o mais recente membro, admitido na OMC no dia 23 de Julho de 2008.

Uma das atividades da OMC é a Rodada de Doha - um encontro para negociações que tem como objetivo a adesão à Agenda de Desenvolvimento de Doha, definida em Novembro de 2001, no Catar. Tal encontro visa definição de regras de comércio e implementação de regras já negociadas. Os temas principais das negociações podem ser classificados em assuntos como:

  • - Agricultura
  • - Serviços
  • - Acesso ao Mercado de bens Manufaturados (NAMA - Non-Agricultural Market Access)
  • - Regras de comércio.

A preocupação com o recente aumento nos preços de commodities como o petróleo e alimentos, além da desvalorização do dolar americano pode ser tida como um dos grandes motivadores para que os temas relacionados à agricultura tenham tomado força na última Rodada de Doha, que acontece em Genebra.

Etanol

Com o aumento dos preços do petróleo, o etanol surge como alternativa de combustível renovável. Há, no entanto, o outro lado da moeda: produção de etanol necessita de milho (no caso dos Estados Unidos) ou cana-de-açúcar (no caso do Brasil) como matéria-prima. A produção destes produtos agrícolas demanda áreas de plantio, que podem concorrer com áreas que seriam destinadas à plantação de alimentos. No caso do milho, a concorrência já é direta: ou você come o milho ou ele é usado na produção de etanol. Há quem diga que a crescente demanda por etanol seja um dos principais motivadores da alta dos preços dos alimentos. Tomando este argumento como base, a produção de biocombustíveis já foi classificada de "crime contra a humanidade". As opiniões mais recentes já não apontam a produção de biocombustíveis como fator principal.

Abertura do Mercado Agrícola

Atualmente, tanto os Estados Unidos como a União Européia possuem políticas de subsídios para a produção de alimentos. Como forma de conter o aumento dos preços dos alimentos e a conseqüente fome nas regiões mais pobres do mundo, existe pressão da opinião pública internacional para que a OMC negocie a abertura do mercado de alimentos.

O Brasil toma partido desta oportunidade e negocia a abertura deste mercado, principalmente para bens como álcool, algodão, milho e soja. Em contrapartida, os Estados Unidos pedem maior abertura do país para bens industrializados. Uma opinião totalmente diferente da que nos é induzida pela Folha pode ser vista aqui.