Sobre as Vidas Interrompidas e Vítimas do Metrô
Esse post é mais para completar/responder os posts de Vidas Interrompidas e Buraco do Metrô.
Um assunto que realmente me chama a atenção é o comportamento humano. O que realmente é a essência humana e o que é cultural? O cérebro é determinístico? Até certo ponto, acredito que sim. Calma, que já conecto a idéia com os outros posts.
O fato é o seguinte: por que as pessoas se comovem (e acho que devem mesmo se comover) com a morte de 155 pessoas no avião da Gol (um acidente desse porte a cada 10 anos no Brasil) mas quando estão na Marginal Pinheiros/Tietê ou qualquer outra avenida, simplesmente desviam da poça de sangue de "mais um motoboy"? Em média a morte de um motoboy é de 1 por dia, muito mais que 155 somente em um ano! É menos ou mais chocante que a senhora que voltava do médico e foi dragada pelo buraco do metrô? Bem, acredito que a resposta está na identificação que o cérebro faz, inconscientemente, com a vítima: "podia ser minha avó!", "nossa, uso aquela rua!", e assim vai..., mas quantos classe média/alta que estão nas edições da mídia tem um filho, pai, irmão motoboy?
O mesmo caso para os moradores de rua. Os olhos dos transeuntes simplesmente filtram essas pessoas. Insensibilidade? Talvez, mas é uma insensibilidade inconsciente, como se fosse uma defesa humana. Minha justificativa para isso é sobre um programa chamado "Zoológico Humano" do pesquisador psiquiatra Philip Zimbardo. É uma série bem interessante que podemos discutir em outro post, mas um dos experimentos que mais me chamou a atenção foi o seguinte: colocaram um ator vestido de mendigo que fingia estar bêbado na entrada de um prédio comercial (acho que em Londres). Bem, depois de horas de teste, absolutamente ninguém parou para perguntar se ele estava precisando de algo ou tentar ajudá-lo. Então, vestiram este ator com roupa de executivo, terno, gravata, etc, e ele ficou no chão fingindo estar bêbado. Alguns minutos depois muitas pessoas pararam para ajudar! Uma explicação possível é o comportamento humano pelo instinto de procurar e proteger seus semelhantes de sua "tribo". Não sou psiquiatra como o Dr. Zimbardo, mas acho que isto está totalmente relacionado com a comoção das pessoas com as mortes ocorridas no acidente do metrô e a indiferença com tantas outras que ocorrem embaixo de nossos narizes diariamente e a única coisa que fazemos é desviar do caminho.
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